História da Celero parte 1.
Outubro é o mês do aniversário da Celero e eu decidi tirar um pouco dos aprendizados que estão “só” na minha cabeça.
Afinal, são 4 anos que aprendemos MUITA COISA e, durante o planejamento da pauta de conteúdo deste mês, que é tão especial para nós, eu resolvi dedicar um pouco de tempo para compartilhar.
Desde que passamos pelos primeiros programas da Endeavor vimos o impacto do compartilhamento na nossa jornada.
E com os textos que vou escrever não será diferente, eu realmente espero que impactem bastante!
Toda semana até o final de outubro de 2020, eu vou falar sobre alguns aprendizados que tivemos.
Quem me conhece sabe que definitivamente não sou escritor, mas algumas pessoas irresponsáveis incentivaram a ideia e eu comprei!
Em primeiro lugar, vamos começar pelo elo que pode ser o mais forte ou o mais fraco de uma empresa: OS SÓCIOS!
Os sócios que a Celero merece
No começo de tudo, em resumo, ouvimos que era impossível criar um departamento financeiro online, que conseguisse se conectar com os bancos e oferecer uma experiência única para PMEs.
Isso é muito comum, sempre!
Toda vez que alguém quer fazer algo novo, que não existe ou que no papel parece uma loucura, 90% das pessoas dizem que é loucura (afinal, é o que parece).
Uma vantagem que faz toda a diferença é o time de co-fundadores.
Claro que no nosso caso não foi planejado, no entanto, ter óticas distintas a respeito dos problemas que surgem faz toda a diferença na hora de dar os próximos passos.
Continuando a história da Celero…
A princípio, 3 caras (Pedro, João e Roberto) não pestanejaram quando nos deparamos com esse desafio. Sim, NOS deparamos.
Inclusive, a Celero não nasceu com o intuito de “criar uma startup”.
Até hoje eu acredito que a intenção de alguém é criar uma empresa, se ela vai virar uma startup ou não são outros 500.
Aliás, muitas pessoas esquecem que a startup é uma empresa, ela precisa gerar caixa, pagar salário e etc.
João Augusto, CFO da Celero
Eu e o João somos amigos de infância, sempre brincávamos que um dia seríamos sócios, e não é que acabou acontecendo mesmo?
Temos um perfil muito semelhante, mais voltado para vendas e finanças.
E, apesar de eu estar no fundo do poço, o João foi o único cara que acreditou efetivamente em mim.
Ele sabia que tudo aquilo era passageiro e que cedo ou tarde eu “acertaria” minha vida.
Pedro, COO da Celero
O Pedro não é meu amigo de infância, mas hoje é como se fosse.
Um cara metódico, organizado e que consegue transformar ideias mirabolantes em processos (basicamente o que eu e o João definitivamente não somos).
Ele foi uma pessoa que as coincidências da vida e de Curitiba trouxe e nós cruzamos caminhos.
O Pedrão era nosso cliente nos tempos da J2 Consulting e de maneira natural com o passar dos meses já estávamos dividindo nossos trocados.
Roberto, o “Co-Father”
O Roberto foi praticamente um kamikaze, ele era nosso amigo e cliente que frequentava uma tabacaria de Curitiba que foi nossa primeira cliente.
Fomos pedir conselhos, queríamos que o Roberto apresentasse a gente para alguém que pudesse investir na tal “loucura” que estávamos desenhando.
Nessa época já tínhamos cerca de 15 clientes no modelo de “terceirização financeira“, mas havíamos fechado um contrato desproporcional que não tínhamos caixa para atender.
Eis que o Beto fala:
“Tá, e se eu quisesse investir como ficaria?”.
E foi assim que conhecemos o nosso 4º Co-fundador que é quase um pai para nós!
Nota importante, até esse momento nós éramos uma “consultoria” que colocava bastante a mão na massa e realizava todas as rotinas manualmente, ZERO tecnologia própria.
Era um combinado de gente mais algumas ferramentas de mercado e MUITA PLANILHA. Mas no próximo texto eu entro nesse detalhe.
O casamento que direciona uma empresa
O ponto importante é que toda e qualquer sociedade funciona exatamente como um casamento, isso não é novidade.
No entanto, o que alguns empreendedores esquecem é o “pacto de sangue” que você precisa fazer com os seus sócios.
Sei que parece bizarro, mas nós 4 fizemos um acordo:
- Sem “dedinho” pra falar alguma coisa.
- Sem agenda oculta.
- Não ter papas na língua, achou ruim? FALA!
- Transparência BRUTAL.
- Confiança mútua inegociável.
- Alinhamento genuíno.
Não sei se existe uma fórmula do sucesso para uma sociedade funcionar, mas certamente se ela não tiver esses pontos, na minha visão, o fracasso é o mais provável.
Por que?
Simplesmente porque todo mundo acha legal quando a empresa cresce, parece que todo mundo se ama, é quase uma comunidade hippie, mas definitivamente não é assim.
Durante o primeiro ano da J2 (2014) eu e o João tínhamos menos de R$ 1.000,00 pra rachar, você não leu errado, 500 pila pra cada.
O João é pai de gêmeos, eu estava saindo de uma falência desastrosa e estava a 1 ano de me casar.
Logo que começamos a trabalhar junto com o Pedro, todos nós trabalhávamos o dobro do que antes (ok, isso ainda não mudou).
Mas como a empresa estava crescendo na raça, sobrava ZERO reais para dividir no final do mês e por muito tempo foi assim.
Quando ficamos lucrativos pela primeira vez, começamos a ver uma graninha um pouco melhor no final do mês
Mas também começamos a conhecer o que era a tal da inadimplência e adivinhe quem eram os únicos que não recebiam rigorosamente em dia
Inclusive esse sempre foi o nosso acordo, desde o dia 0, o salário da galera é prioridade extrema, o resto é resto.
Eu citei 3 perrengues que passamos na era pré história da Celero, nessa época eu já estava com os meninos e quando a PF sangra (e muito) é natural que os ânimos não fiquem os melhores.
Mas o fato de sempre estarmos absolutamente alinhados, fez com que passássemos por tudo e continuássemos em frente, SEMPRE!
Rodadas de investimento, por maior admiração, gratidão e, de certa forma, amizade que eu tenha com os nossos investidores, eles sabem o quanto uma rodada de investimento é desgastante.
A folha de salários fica cada vez maior e o caixa cada vez menor já que somos financistas e não somos mágicos.
Se entra menos dinheiro do que sai, uma hora ele vai acabar, sempre tivemos essa previsibilidade, no entanto, depender de decisões de terceiros é de deixar qualquer empreendedor anêmico de preocupação.
Nos “maus” momentos, as metas não são atingidas, os planejamentos dão errado e há desalinhamentos de visão.
Conselho que todo mundo precisa ouvir
Sim, tudo isso aconteceu, mas sempre quando um manca, os outros são o suporte e todo dia alguém vai mancar!
Pode ser por causa de uma questão pessoal, algo do dia-a-dia, um café mal passado de manhã, sei lá, SEMPRE vai dar problema.
Principalmente se a sua empresa crescer numa velocidade que as empresas não foram feitas pra crescer (como a nossa).
TUDO quebra, tem dias que parece que o escritório foi aleatoriamente escolhido para receber TODAS AS CAGADAS QUE PODERIAM ACONTECER EM UM DIA NO MUNDO.
E como disse o CEO da Sympla, Rodrigo Cartacho, em uma mentoria que tivemos no Google: “está tudo bem”.
Agora, imagine você, passando por tudo isso sozinho(a)? Você acha que é algo impossível?
De maneira alguma, existem vários empreendedores que eu admiro MUITO, que são fundadores únicos, mas concorda que é muito mais difícil?
E outra, imagine que você tem sócios, mas eles não são tipo os meus que entram na trincheira pra dar tiro e tomar tiro junto comigo. Fica TUDO AINDA MAIS DIFÍCIL.
Aprendi um negócio ouvindo um podcast do Flávio Augusto (o Cara do GV, Wise Up e etc):
“Sócio ruim é mais caro que juros de banco”.
Quanta verdade em uma frase tão curta!
Álias, se você é se alguém que tem o contato dele e, por favor, faça a ponte entre nós dois kkk.
Ele é uma pessoa que está na lista dos caras que que quero muito tomar um café um dia.
Assistimos todos os dias, negócios incríveis virando em nada por conta de brigas entre os sócios e as razões das brigas são as mais diversas:
- Roubo;
- Ego;
- Vaidade;
Vamos dar atenção para os dois últimos pontos porque, a menos que você tenha algum desvio de caráter, eu não tenho nenhum conselho, apenas: pare de fazer isso!
Voltando ao “ego” e “vaidade”, certa vez, em um café com um cliente fora da curva, nós tivemos a oportunidade de atender ele através de uma lição de vida:
“Ego e Vaidade são como uma cobra com 2 cabeças, nós temos 2 pés para poder pisar nas 2 cabeças ao mesmo tempo todo dia pela manhã”.
E desde então esse virou o mandamento #1 do nosso pacto de sangue.
Este é o 1º artigo de uma série de quatro em comemoração do aniversário da Celero.