Receber conselhos faz parte do processo.
Hoje, depois de 4 anos de empresa, muitas pessoas elogiam, e às vezes até exageram, a respeito do que estamos construindo na Celero. Mas, definitivamente, não foi sempre assim.
Quando tivemos as primeiras noções do que faríamos (em Abril de 2014), antes de tudo foi uma enxurrada de baldes de água fria, nem mesmo as pessoas mais próximas acreditavam que o que estávamos planejando seria possível.
Podemos contar tranquilamente nos dedos das mãos as pessoas que acreditaram/incentivaram desde o primeiro dia.
E sinceramente, qual era o nosso histórico? Qual era a probabilidade de tudo aquilo dar certo?
Eu não culpo essa galera, pois é uma questão de probabilidade e análise de risco.
3 “piás” com menos de 25 anos com alguns fracassos empreendendo e que além disso nunca foram brilhantes academicamente. Você acreditaria?
Mas qual o ponto fundamental aqui afinal?
Conselhos empresariais que não pedimos, mas ouvimos
Nunca duvidamos de nós mesmos porque, por mais densas que as portas nas nossas caras pudessem parecer, alguma coisa estava presente em nós três, uma certeza inabalável que todo aquele esforço não seria em vão.
Por isso vou listar alguns dos conselhos que recebemos e a avaliação do “o que teria acontecido” fica com você:
- Tecnologia?! Vocês estão loucos?! Vocês não entendem nada disso, foca em consultoria que é a praia de vocês.
- Terceirizar o financeiro?! “Haha” Isso é impossível, NÃO PERCAM TEMPO!
- Parem de inventar moda, o serviço de vocês é um lixo, teu time só tem “quarta-feira”, façam o que vocês já são bons, a consultoria de vocês é ótima!
- Esse negócio não dá dinheiro! Vocês tem que ficar ricos! Boutique é o canal pra vocês, meia dúzia de clientes por ano, vão trocar de carro assim como trocam de roupas.
- Vocês acreditam demais nas pessoas, funcionário é dor de cabeça, é problema, no fim do dia todo mundo é ingrato e só esperam por uma oportunidade de ferrar vocês.
E aí? O que você achou? Foram bons conselhos?
Avaliando as emoções depois de lidar com conselhos inesperados
Analisando isoladamente essas frases você pode estar pensando: “mas vocês foram pegar conselho com quem? Certamente foi de um Zé ninguém!” Errado!
Cada frase dessas foi dita por executivos, empresários, professores, pessoas de tal forma que tinham uma trajetória de sucesso nítida e que para nós eram, alguns ainda são, exemplos!
Talvez por teimosia, mas sempre que alguém demonstra um pouco de arrogância na hora de dar um conselho nosso alerta mental começa a disparar de maneira bem singular e automaticamente ligamos o modo “esponja”.
Por fim, por trás de cada conselho ou feedback existem 3 camadas de informação.
- Emoções.
- Bagagem / Experiência
- Conteúdo RICO!
Afinal, sempre dá pra aproveitar alguma coisa se for alguém que tem alguma coisa para acrescentar.
Atividade que nos ajuda a avaliar cada conselho
Uma atividade frequente na nossa rotina depois de um conselho/mentoria é avaliar o papo, sentamos os 3 juntos e refletimos sobre o que foi falado.
Com o passar dos anos aprendemos que as emoções devem ser isoladas, inclusive as nossas! Você pode imaginar o que sentíamos quando ouvimos algumas dessas frases.
E não só as emoções. Toda vez, depois de um papo com alguém que está alguns degraus à nossa frente, como resultado nós separamos tudo que foi falado em 3 caixas correspondentes à 3 camadas.
Alguns pontos que sempre avaliamos em conjunto:
- O que ouvimos faz sentido?
- O que pode ter acontecido na vida dessa pessoa para ela ter esse ponto de vista? (Inclusive essa é uma pergunta incrível para fazer quando receber algum conselho desses).
- Quem trabalha com essa pessoa? Qual é o perfil?
- Será que a pessoa está passando por um momento ruim?
- Isso se aplica para o nosso momento? conseguimos imaginar isso acontecendo aqui?
E quanto mais gente fomos conhecendo o processo, por conseqüência, mais refinada foi ficando a nossa avaliação de quem pode fazer sentido conversarmos e quem definitivamente não faz sentido buscarmos algum aprendizado.
Não, de forma alguma isso é falta de humildade ou arrogância da nossa parte, é seleção de tempo!
Frequentemente vem o Allan Costa falar na minha cabeça “o tempo é o recurso mais democrático do mundo, todo mundo tem 24 horas!” e é uma baita verdade!
Selecionar quem pode contribuir com a trajetória da empresa é tipo escolher uma série do Netflix, alguns gostam de “Suits” outros gostam de “Orange is the new black” e sabe o que diferencia uma escolha da outra? O perfil das pessoas!
Com mentores não é diferente, acreditamos muito que para fazer sentido (inclusive para o mentor) o “santo precisa bater”, precisa existir predisposição dos dois lados, cabeça minimamente alinhada para que possa ser proveitoso.
E depois do primeiro programa na Endeavor aprendemos definitivamente como tirar o máximo de cada mentoria!
Como aproveitar ao máximo os programas da Endeavor
Pode parecer simples, mas não é óbvio!
Pauta!
Fazer um alinhamento prévio de:
- O que queremos aprender?
- 3 a 5 tópicos principais e o contexto de o porquê precisamos resolver isso.
- Por que essa pessoa deve conseguir nos ajudar? Qual a sua trajetória, o que eu sei sobre ela e sua(s) empresa(s)?
Direcionar o papo é fundamental, afinal de contas, assim conseguimos extrair o máximo do tempo que o mentor disponibiliza e isso evita que a conversa vá parar em um “mato” que não faz sentido nem para ele nem para você.
Outro ponto MUITO importante é sempre estar com a cabeça aberta e receptiva para ouvir de TUDO. Você está procurando por mentoria, não por massagem no ego.
Tomar porrada faz parte, ouvir coisas que você não vai gostar é a coisa mais natural do mundo então garanta que as suas emoções estão devidamente isoladas antes de pedir conselhos para alguém.
Esse é o caminho certo? Não faço a menor ideia, mas gosto muito de olhar para trás e analisar o caminho que percorremos até aqui, e mais ainda de olhar para frente e ver quantas coisas “impossíveis” ainda vamos realizar.
Acho que para fechar esses textos sobre a nossa história tenha em mente que ter FILTRO é o grande aprendizado aqui, isto é:
Humildade para saber que você não é aprendiz de Deus (treco chato falar com empreendedor babaca, você não precisa ser babaca pra ter sucesso ok?).
Saber o que você está procurando. Tudo bem se você ainda não sabe, mas ninguém é guru se você não sabe o que fazer da vida, talvez um mentor não seja o que você precisa.
Saber isolar aprendizado de emoções.
Conclusão
Nunca alguém vai saber mais da empresa do que o empreendedor, quando você aprende alguma coisa com alguém, você está complementando a sua trajetória, não pedindo para que alguém viva ela por você!
Enfim, espero que essa sequência de conteúdos possa te ajudar na sua jornada, feedbacks são sempre bem vindos, caso faça sentido podemos continuar escrevendo sobre esses temas aqui no futuro, por que não?