Para começar este artigo, queremos que você busque em sua mente uma pessoa que tem como cargo CEO de uma empresa de sucesso. Agora pense em alguém que se destacou pela performance extraordinária em cargo de liderança. Ou então em alguém que teve uma ideia brilhante e recebeu um investimento milionário para executá-la. Quantas dessas pessoas são mulheres?
Se entre as suas referências de empreendedorismo estão personagens femininas, ponto para você! Provavelmente você já teve a oportunidade de entender de perto as inúmeras vantagens desse movimento para o desenvolvimento social e econômico do cenário em que está inserido.
No entanto, a verdade é que o empreendedorismo feminino ainda tem muito a crescer no Brasil e no mundo. E é por esse, entre tantos outros motivos, que trouxemos este artigo no mês das mulheres – mas que também merece destaque em todos os outros meses do ano. Vem com a gente saber mais sobre empreendedorismo feminino e a sua importância.
O que é o empreendedorismo feminino?
O empreendedorismo feminino é um movimento em que mulheres são protagonistas em empresas, seja como fundadoras e donas ou em algum cargo de alta liderança. Este segundo é chamado também de intraempreendedorismo.
Dentro desse contexto, são elas que tomam as decisões estratégicas para desenvolvimento do negócio, colocando em prática o perfil empreendedor que engloba também a inovação, determinação e vontade de fazer a diferença.
Dia do empreendedorismo feminino
Nos últimos anos, também apoiado pelo movimento do feminismo, as mulheres têm garantido cada vez mais seu espaço, provocando quebras de vieses e paradigmas em busca da equidade de gênero na sociedade, nas empresas, na política, na cultura e em qualquer outro lugar que também lhes é de direito.
Em 2014, com o objetivo de incentivar o empreendedorismo feminino, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de novembro. Desde então, apesar dos obstáculos que ainda existem para que uma mulher possa gerenciar uma empresa, os números de negócios liderados por mulheres são cada vez mais animadores.
Segundo Pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (RME), entre 2019 e 2021, 55% de mulheres empresárias inauguraram seus negócios, sendo 26% delas em um cenário de pandemia mundial. A data nos convida a abrir cada vez mais espaços e garantir oportunidades para que esses números sejam multiplicados nos próximos anos.
Qual a importância do empreendedorismo feminino?
Investir no empreendedorismo feminino é importante principalmente para o desenvolvimento da sociedade, das empresas e da economia. Isso porque ele carrega uma importante responsabilidade de contribuir com a minimização das diferenças de oportunidades profissionais entre os gêneros e contribui com ambientes mais diversos, inclusivos e inovadores.
Abaixo, listamos mais detalhes das vantagens do empreendedorismo feminino nesses cenários. Confira:
Experiências diferenciadas
Criar iniciativas para nos aproximarmos da equidade de gênero em todos ambientes nos quais transitamos é um dos objetivos do empreendedorismo feminino. E isso não significa apenas colocar uma mulher em posição de liderança ou dar a liberdade para que ela abra uma empresa, por exemplo.
O empreendedorismo feminino tem muito a ver com a diversidade de soluções em empresas e negócios no mundo todo, com destaque para as inovações desenvolvidas por empreendedoras. Isso também envolve vivenciar e procurar resolver situações desafiadoras para que as mulheres possam ter a oportunidade de viver em sociedade de forma segura e confortável.
Exemplos desse movimento podem ser aplicativos de carona, academias, serviços de mecânica e manutenção, entre outros negócios feitos por e voltados exclusivamente para atendimento às mulheres.
Equidade e produtividade, lado a lado
Segundo um estudo divulgado pelo Boston Consulting Group ao final de 2019, o empreendedorismo feminino pode contribuir com a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de US$ 2,5 trilhões a US$ 5 trilhões.
Além disso, no ranking das empresas Fortune 500, as maiores da América Latina, as companhias com ao menos três mulheres no conselho administrativo superaram consideravelmente aquelas que não contavam com a presença feminina nos principais índices: retorno sobre as vendas, retorno sobre o capital investido e retorno sobre o patrimônio líquido.
Segundo a Forbes, além de contribuir diretamente com a mudança na economia atual, o investimento no empreendedorismo feminino pode redefinir o futuro, graças às novas soluções de produtos e serviços no mercado.
Mais engajamento para as empresas
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, as empresas que acompanham e investem em diversidade e inclusão crescem de 5% a 20% em relação ao lucro. Além disso, ter mais mulheres em cargos de liderança garante representatividade e pode contribuir com o desenvolvimento de políticas de inclusão, o que permite melhorar a colaboração de integração entre colaboradores e diferentes times.
Outro ponto importante do empreendedorismo feminino para as empresas é o fortalecimento da imagem da marca perante aos stakeholders. Segundo uma pesquisa do Journal of Consumer Research, por exemplo, a diversidade é um atributo importante para que os consumidores considerem as empresas éticas. Esse posicionamento pode contribuir com a conexão de clientes e empresas, gerando um relacionamento mais forte e duradouro.
Empreendedorismo feminino no Brasil, fatos e estatísticas
- Segundo dados do Sebrae e do Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), há aproximadamente 30 milhões de empresárias no Brasil.
- Delas, 44% são chefes de família.
- E 85% são responsáveis pelas decisões de compra em suas casas.
- O país é o sétimo colocado do mundo em relação ao número de empreendedoras.
- Entre os microempreendedores individuais (MEI), as mulheres ocupam 48% da presença, com destaque para os negócios relacionados à moda, alimentação e beleza.
- Por necessidade ou oportunidade, o empreendedorismo feminino cresceu em 40% durante a pandemia, segundo a Rede Mulher Empreendedora.
Esses dados confirmam que as mulheres já atuam como protagonistas em relação ao empreendedorismo no Brasil. E que o investimento nesse movimento traz apenas boas expectativas para que os números cresçam, assim como a diversidade e inclusão nesse cenário.
Quais os desafios do empreendedorismo feminino?
Apesar dos dados citados acima, os obstáculos para que as mulheres possam empreender ainda estão presentes na sociedade. Entre os principais desafios, destacamos:
Discriminação e preconceito
Problemas graves de preconceito, assédio e violência ainda são maiores contra as mulheres. E se esses são obstáculos que muitas vezes as mulheres precisam enfrentar sem motivo algum, quando decidem investir no seu próprio negócio e desafiar paradigmas impostos pela sociedade, a jornada pode ser ainda mais conturbada.
E além dos comentários e situações desrespeitosas e constrangedoras, o preconceito também se desenvolve nas oportunidades de desenvolvimento de carreira, remuneração e benefícios, em opções de investimentos e até em linhas de crédito para abertura de uma empresa, por exemplo.
Muito além do empreendedorismo
Muitas vezes a função de “ser mãe” e cuidar da casa são atribuídas com mais responsabilidade para as mulheres. Isso significa que, ao decidirem abrir um negócio ou aceitarem um cargo de liderança, elas precisam conciliar tempo e esforços em suas múltiplas jornadas.
Por isso, as redes de apoio e benefícios pensados nas diversas tarefas das mulheres são tão importantes para garantir o desenvolvimento pessoal e profissional dessas empreendedoras, fomentando o empreendedorismo feminino.
A própria autoconfiança
Em uma sociedade com o preconceito tão enraizado, agir de forma diferente é um desafio diário. Por isso, além da cobrança externa, a autoconfiança acaba sendo um obstáculo a ser enfrentado dentro do empreendedorismo feminino, afinal, às vezes errar faz parte de um caminho de sucesso.
É aí que entra a representatividade: não apenas para ter um exemplo de sucesso a seguir, mas para acompanhar cada passo dessa jornada, sabendo que é possível conquistar os objetivos mesmo com estradas conturbadas pelo caminho.
Exemplos de mulheres empreendedoras
E falando em representatividade, trouxemos três exemplos de mulheres empreendedoras para conhecermos melhor algumas personagens desse movimento e seus resultados conquistados. Confira:
Luiza Helena Trajano
Reconhecida pela Forbes como uma das mulheres mais poderosas do Brasil, ela lidera o marketplace Magalu, um sucesso de vendas, marketing e resultados com potencial escalável. Luiza também é referência quando o assunto é investimento em diversidade, tendo como uma das prioridades da sua empresa, apostar na inclusão e oportunidades para que todos possam se desenvolver pessoal e profissionalmente.
Paola Carosella
Conhecida também por seu papel de jurada em um dos programas de televisão aberta com maior audiência, o Masterchef, Paola começou a demonstrar seu perfil de empreendedora aos 17 anos, quando vendia viandas em Buenos Aires. Depois de estudar muito, abriu seu primeiro restaurante em 2003, o Julia Cocina. E hoje comanda o Arturito, um dos restaurantes mais premiados de São Paulo.
Karina Gallon
Ela transformou um hobby entre amigas em uma oportunidade de empreender por meio do e-commerce. Com apenas R$ 300,00, começou a produzir camisetas com frases feministas. Pouco tempo depois, com produção de 1,5 mil peças por mês, nasceu a Peita, empresa que oferece mais 30 produtos entre camisetas, adesivos, abridores de garrafa, ecobags e bottons. E com produção 100% feminina.
Conclusão
Agora que você já sabe mais sobre o empreendedorismo feminino e a sua importância para construirmos um país cada vez melhor, que tal dar ainda mais visibilidade para as empreendedoras que você conhece? Incentivar, consumir os produtos ou serviços e fazer parte de uma rede de apoio pode fazer toda a diferença para que esses negócios prosperem e todos possamos aproveitar os benefícios que esse movimento pode proporcionar!
