Este é o quarto artigo da nossa série sobre como recuperar uma empresa com dificuldades financeiras. Anteriormente falamos sobre a primeira etapa – uma análise profunda de todos os momentos do seu negócio.
E sobre como desenvolver um plano de ação, avaliando a aquisição de clientes, o processo comercial, as metas de vendas, a possibilidade de redução de gastos, assim como pontos importantíssimos para esse primeiro momento.
Feito isso, em seguida fomos para a fase de planejamento ou revisão de modelo de negócio, é comum que você se depare com algumas oportunidades e investimentos que não podem passar batidos. O problema é quando você não tem caixa para investir.
E aí, será que o banco é tão vilão assim?
Dá até um arrepio quando começamos a pensar nisso, não é mesmo? Já que aqui no Brasil, realmente temos as maiores taxas, ao compararmos com outros países.
Mas é muito importante saber que em alguns momentos a melhor saída é procurar seu Gerente e conversar sobre um empréstimo para sua empresa sair do vermelho e não prejudicar a operação.
Então, qual é o tipo de empréstimo ideal para o momento da sua empresa? Quais são as melhores condições da contratação para o seu negócio? Quais são os tipos de crédito disponíveis?
Calma, calma… vamos te ajudar com todas essas dúvidas aqui neste post.
Mas antes de tudo, vamos falar sobre capital de giro! Afinal, ele é a principal motivação dos empresários procurem o Gerente do banco.
Capital de giro: a maior ferida das empresas brasileiras
O termo surgiu nos Estados Unidos, no século XVII, quando os vendedores ambulantes atravessavam o país com suas carroças cheias de mercadoria, as quais eram financiadas pelos fornecedores e pagas quando eles retornavam para sua origem.
O giro do estoque financiado permitia que, com a margem das vendas, os vendedores comprassem mais carroças e o negócio expandisse.
Entender sobre o capital de giro consiste em saber que parte do dinheiro que “circula” na conta da empresa não é propriamente dela. Ele deve ser utilizado para manutenção do negócio e garantir o pagamento das contas obrigatórias para o funcionamento da operação.
Quando você compra algo ou contrata algum serviço à vista, financia a operação do momento da compra, até o momento da venda. Por outro lado, quando você parcela a compra, quem financia é o seu fornecedor (da mesma forma que os antigos caixeiros americanos).
Sendo assim, para manter a saúde do seu fluxo de caixa, é importante conhecer o tempo que você demora para vender e receber, e relacionar com o seu prazo de pagamento.
Exemplo direto da Celero
Aqui vai um bom exemplo para ilustrar a situação: um antigo cliente da Celero, referência em seu segmento de atuação, líder de mercado em todo o país, faturava em média R$ 2 milhões por mês e era reconhecido pela qualidade com que entregava seus serviços aos clientes.
Os sócios nos procuraram, pois, apesar do negócio crescer em vendas, o resultado não era visto e a sensação era de que quanto mais vendia, menos dinheiro sobrava. Estranho, não? O pior é que a empresa tinha as despesas enxutas, então não bastava cortar custos e despesas para resolver o problema.
Depois de algum tempo analisando as informações e entendendo sobre a operação, identificamos onde estava o problema principal do negócio: a margem de contribuição gerada pelas vendas não era suficiente para compor o capital de giro necessário para manter o negócio.
Grande parte dos fornecedores tinha o preço engessado, com parcelamento em, no máximo, três vezes. Em contra partida, as vendas eram, em sua maioria, feitas em 10x, o que obrigava o financeiro a antecipar recebíveis sem controle algum sobre taxas e condições – não tinha tempo para isso, pois o “contas a pagar” não podia esperar. A urgência sempre é mais cara, então as taxas oferecidas acabavam reduzindo a pequena margem das vendas, e em alguns casos até negativava o resultado.
Alteramos as condições de pagamento, aumentamos a precificação e deixamos de oferecer alguns serviços antes de procurar uma negociação com banco. Nesse caso não foi necessário procurar o Gerente do banco, mas e se não for o cenário da sua empresa? Saiba como começar a pensar em um empréstimo para tirar sua empresa do vermelho!
Como escolher o melhor tipo de crédito para sua empresa?
Para saber escolher e analisar as opções de crédito, é preciso entender para que serve cada uma delas, o que está envolvido nas negociações, e principalmente qual é o momento da sua empresa. Dessa forma, uma proposta de empréstimo é baseada em três principais pilares: taxa de juros, prazo para quitação do contrato e valor emprestado.
Taxa de juros
Ela varia de acordo com o risco identificado pela Instituição, sendo que os principais pontos avaliados são: a garantia oferecida no contrato e o seu histórico de bom pagador. O momento da economia influencia também, mas isso já não depende de você, certo?
A remuneração da Instituição e demais despesas de transação também são incluídas na taxa. Então, quando for comparar produtos bancários, o ideal é que avalie produtos semelhantes, assim você vai poder recorrer efetivamente a taxa mais competitiva.
Prazo do contrato de empréstimo
Ele pode variar entre um dia e anos. Existem operações de curtíssimo prazo, para devolver o dinheiro em 15 dias, ou para cobrir a conta só por uma semana, e existem financiamentos a longo prazo. No Brasil, por exemplo, a maioria dos imóveis é financiado em 35 anos. O tempo para devolver o dinheiro influência nas condições contratuais.
Para efetivar um financiamento a longo prazo é preciso oferecer uma garantia. Normalmente os financiamentos imobiliários colocam o próprio imóvel que está sendo comprado como garantia do contrato. Por conta disso, a taxa acaba se diluindo nas mais de 400 parcelas.
Empréstimos de curto prazo já são ofertados pelo banco automaticamente, baseado em sua movimentação. Por exemplo, o cheque especial e operações para folha de pagamento e para cobertura de um eventual descompasso de caixa já tem um valor pré-aprovado e podem ser contratados mais facilmente.
Mas cuidado: a solicitação dos empréstimos de curto prazo é exclusiva para emergências ou momentos de dificuldade de caixa. É preciso muita atenção para não criar uma bola de neve de dívidas.
Valor da operação
Emprestar dinheiro tem um custo para a Instituição, ainda mais no caso de um país com alto endividamento como o Brasil. Sendo assim, negocie somente o necessário, avalie nas suas projeções o quanto você realmente precisa e dê um destino fixo para esse dinheiro.
Viu só? Sabemos que o processo não é dos mais fáceis, mas você não precisa estar sozinho nessa. Avalie se o problema não está no capital de giro, converse com seus parceiros, e se for necessário, procure seu Gerente do Banco para encontrar o melhor tipo de empréstimo para sua empresa sair do vermelho. Ah, e conte com a gente: na próxima semana tem mais conteúdo sobre os próximos passos. Acompanhe!